"É pura magia": Lydia Kusami Shirreff fala das montras de Natal da Livraria Lello
Com formação em artes plásticas e uma carreira de mais de uma década, Lydia Kasumi Shirreff destaca-se pelas esculturas de papel únicas que cria para cenários, instalações artísticas, publicidade e moda. O portfólio da artista londrina já inclui marcas como Chanel, The Guardian, Allure Magazine e The Ritz London.
A sua habilidade com o papel transportou-nos para a magia dos livros pop-up e rapidamente percebemos que ela seria a artista perfeita para dar vida às montras de Natal da Livraria Lello, inspiradas n'O Feiticeiro de Oz. Falamos com Sherriff para perceber, do ponto de vista da artista, como foi toda esta experiência,
LL: Como se sentiu ao ser convidada para trabalhar nas montras de Natal da Livraria Lello?
LKS: Um convite para trabalhar com a livraria mais bonita do mundo? Claro que fiquei entusiasmada. Sempre adorei livros, cresci rodeada por eles — a casa dos meus pais está repleta de literatura. Nunca estive no Porto e nunca tinho visto a Livraria Lello, por isso, assim que recebi o convite, 'mergulhei' profundamente nas imagens e na história do edifício. É pura magia, a oportunidade de trabalhar com a Livraria é um sonho tornado realidade.
LL: O que achou do conceito que lhe foi apresentado: uma instalação inspirada na forma como a amizade nos fortalece, usando O Feiticeiro de Oz como guia?
LKS: Achei as ideias por trás do projeto muito intrigantes, adorei o facto de haver um tema complexo por trás, em vez de ser apenas uma celebração do Natal. Em vez disso, o Natal tornou-se o pano de fundo para o que é essencialmente uma história sobre a amizade e o amor superarem a diferença. Assim que vi a publicação infantil da Livraria Lello sobre a história soube que queria adaptar as ilustrações para a instalação. Tenho um filho de 4 anos, por isso tornei-me um pouco snob em relação a livros infantis, mas adorei imediatamente estas ilustrações. Têm um equilíbrio maravilhoso entre uma inocência encantadora e detalhes coloridos que funcionavam na perfeição com o tema.
Não leio o livro há muito tempo, mas conhecia a história do filme. O que mais me marcou no filme foi a sensação de admiração quando passa do preto e branco para o glorioso Technicolor. Queria que essa sensação de cor, brilho e maravilhamento infantil estivesse presente na exposição.
LL: Então, o conceito era bom no papel. Contudo, ficar bom em papel é outra história. Essa 'tradução' foi complicada?
LSK: Sou artista de papel há bastante tempo e a parte mais gratificante do trabalho é enfrentar novos desafios e usar as técnicas que aprendi para encontrar a solução. Cada projeto que faço é único e tem as suas próprias limitações a respeitar e quebra-cabeças a resolver. Neste caso, a escala foi fundamental. Eu sabia que queria que tivesse presença. As janelas são entusiasmantes porque é como se estivéssemos a decorar um palco, e o espectador tem a oportunidade de ver tudo de muito perto. A sua função é atrair e manter a atenção, mas também pode ser uma experiência muito pessoal.
LL: Como foi o processo geral, em comparação com trabalhos anteriores que já fez?
LSK: Este foi um projeto divertido, sem dúvida. O meu estúdio vai ficar coberto de purpurinas durante anos, mas não me arrependo. Tudo começa sempre com um esboço. O meu próximo passo foi fazer um pequeno modelo para ajudar a determinar a escala. A partir daí, comecei imediatamente a fazer as peças para a exposição. Trabalho intuitivamente na maior parte das vezes, resolvendo os problemas à medida que surgem. Descobri que, quando algo está tangível nas minhas mãos, consigo ver como funcionará alguns passos à frente.
LL: Está entusiasmada por vir ao Porto?
LSK: Sim, simplesmente. Mal posso esperar para ver o Porto e explorar a Livraria Lello, e mal posso esperar para ver a exposição toda montada. Devido à natureza da construção, ela teve de ser feita em peças, por isso ainda não a vi toda montada. Por isso, é uma excitação nervosa, e espero sinceramente que as pessoas que a virem gostem tanto dela quanto eu.